Visita a Villaggio Bassetti

Villaggio Bassetti

Primeira vinícola que visitamos em São Joaquim, logo pela manhã da segunda feira de carnaval, dia 03/03/2014.

Inspirado pela lembrança de seu avô materno, imigrante italiano, produzindo seus próprios vinhos em casa, José Eduardo Pioli Bassetti, engenheiro químico, decidiu reviver as tradições familiares e começar também a produzir seu vinho. Convocou seus irmãos Marco Aurélio, engenheiro agrônomo, e Cesar Juliano, engenheiro mecânico, para juntos em 2005 fundarem a Villaggio Bassetti.

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Vinhedos da Villaggio Bassetti

Interessante mencionar que a vinícola tem em andamento um projeto junto com a Embrapa para selecionar leveduras nativas, algo ainda pouco estudado aqui pelo Brasil. A seleção e o uso destas leveduras visam agregar tipicidade e identidade próprias aos vinhos. A ideia surgiu após experiências bem sucedidas em duas safras seguidas – 2011 e 2012 – de Cabernet Sauvignon resultado de fermentação natural, sem nenhuma adição de leveduras ou outros produtos enológicos.

Mais vinhedos

Vinhedos na paisagem local

Normalmente a Villaggio Bassetti não fica aberta a visitantes, os interessados em conhecer a vinícola devem entrar em contato por e-mail ou telefone (ambos podem ser encontrados nos sites citados abaixo) para verificar a possibilidade e agendar uma visita.

Na Villaggio Bassetti fomos muito bem recebidos pelo enólogo Joelmir, que nos forneceu diversas informações sobre os vinhos, vinícola e vinhedos. Além de vinhos bastante interessantes ainda em estágio na barrica. Bebemos o seguinte:

Villaggio Bassetti Rosé 2013: interessante rosé produzido com um corte de Pinot Noir e Merlot. Provamos o vinho direto do tanque, onde ele estava em fase de estabilização. Na taça tinha uma bela cor rosa salmão e ótimo nariz, elegante com aromas lembrando frutas cítricas e algo mineral, característico da Pinot Noir. Na boca era leve e refrescante, muito equilibrado, com acidez e álcool bastante harmônicos e gostosa mineralidade. Rosé bem diferente dos demais produzidos no Brasil, de estilo bem mais leve. Um vinho simples e refrescante, sem deixar de ser interessante.

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Villaggio Bassetti Sauvignon Blanc 2012: varietal de Sauvignon Blanc com 14% de álcool. Apresentou na taça cor amarelo pálido e aromas intenso de maracujá, cítricos e ervas frescas. Na boca era mais encorpado e untuoso que a média dos Sauvignon Blanc, com ótima acidez, delicioso frescor e forte presença mineral. Bela opção de Sauvignon Blanc, diferente por ter mais estrutura em boca, vale bastante o preço.

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Villaggio Bassetti Montepioli 2010: corte entre Cabernet Sauvignon e Merlot, com 13% de teor alcoólico e estágio de 12 meses em barrica. Na taça tinha cor vermelho rubi, nariz bastante agradável e com certa complexidade, lembrando amora, ameixa, pimenta do reino e algo vegetal. Na boca era macio e equilibrado, de médio corpo a encorpado, com ótima acidez e taninos bem presentes e agradáveis. Em minha opinião, ficou entre os três melhores tintos que bebi na viagem (isso sem contar os três descritos abaixo). Está bem pronto para ser bebido e na faixa dos 50 reais é de ótimo custo benefício.

Mais vinhedos

Mais vinhedos

Villaggio Bassetti Montepioli 2012: difícil escrever sobre um vinho que ainda não está pronto e só será lançado ao mercado daqui há um tempo. Assim como o 2010 descrito acima, esse vinho é um corte entre Cabernet e Merlot, só que essa safra ainda está na barrica envelhecendo. Nos foi oferecido pelo enólogo para que degustássemos como foi a safra 2012. Na taça a cor era vermelho violáceo profundo, com aromas um tanto fechados, mas interessantes de chocolate, ameixa, amora e vegetais. Na boca, embora ainda carecesse de amadurecimento, estava macio, era bastante potente, encorpado, com forte acidez e taninos bem firmes. Tem estrutura para envelhecer bastante. Saindo essa safra no mercado (acho que sai ano que vem) vale a pena correr atrás!

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Mais vinhedos

Villaggio Bassetti Primiero 2012: continuando nos vinhos que ainda estão envelhecendo na barrica, esse era um Cabernet Sauvignon varietal, a safra 2012 do Primiero, atual vinho de topo da vinícola. Na taça tinha cor violeta densa, já demonstrando o que vinha pela frente. No nariz, assim como o anterior, os aromas estavam um tanto fechados, mas já se mostravam complexos com amora, café, tostado, terra e algo vegetal. Na boca era ainda mais potente que o anterior, estruturado de uma forma como eu nunca havia provado um vinho brasileiro. Muita acidez, muito corpo e muito tanino. O melhor de tudo é que embora ainda estivesse bem jovem e rústico, já era bem prazeroso bebê-lo, tinha uma certa maciez difícil de explicar. Aguardo 2016 (ano em que essa safra será lançada ao mercado) para bebê-lo novamente.

Villaggio Bassetti Sangiovese 2013: para terminar nos foi oferecido, também da barrica, um vinho experimental, fruto de um vinhedo jovem (com apenas 4 anos) de Sangiovese implantado na vinícola. O resultado surpreende e promete. Na taça era violeta claro, com aroma intenso e bem floral, lembrando também amora e um leve defumado. Na boca tinha boa estrutura, médio corpo a encorpado, taninos fortes ainda verdes e ótima acidez. Promete bastante esse vinhedo!

Sauvignon Blanc

Sauvignon Blanc

A Villaggio Bassetti não possui uma baita estrutura para receber visitantes, sua vinícola é simples e extremamente funcional. No entanto a visita é imperdível graças aos seus diferentes e ótimos vinhos, que no conjunto, foram os que mais me surpreenderam durante a viagem. Além dos vinhos, há também os belos vinhedos, muito bem integrados à paisagem local, como se a videira fosse planta natural daquele ambiente.

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Resumo da visita:

Vinícola: Villaggio Bassetti (site oficial e blog no wordpress)

Localização: São Joaquim, Santa Catarina, Brasil

Data da visita: 03/03/2014

Com quem: Patrícia

Preço da degustação: gratuita

Visita a Vinícola Santa Augusta

Santa Augusta

Encerrando as vinícolas que visitamos no Vale do Contestado, no domingo de carnaval, dia 02/03/2014, após o almoço partimos de Treze Tílias para Videira, onde vistamos a Vinícola Santa Augusta.

Entrada na vinícola

Entrada na vinícola

No ano de 2003 os irmãos De Nardi, industriais do setor de plástico e descendentes de imigrantes italianos, devido a paixão pelo vinho decidiram investir na produção da bebida, escolhendo para instalar seus primeiros vinhedos o município de Videira, que além de ter um nome bastante sugestivo, possui tradição na produção de uvas e vinhos de mesa. Ocupados em suas rotinas empresariais destinaram a condução da vinícola a suas filhas, sendo no ano de 2004 plantados os primeiros vinhedos e em 2008 lançados ao mercado os primeiros vinhos. Hoje a Vinícola Santa Augusta é uma das mais bem equipadas do estado, reflexo disso é que muitos (cada vez mais) produtores catarinenses tem vinificado e engarrafado seus vinhos por lá. Além disso a vinícola foi responsável pela produção do primeiro vinho biodinâmico brasileiro, proveniente de seus vinhedos no município de Água Doce.

A estrutura da Vinícola Santa Augusta

A estrutura da Vinícola Santa Augusta

A vinícola é aberta a visitação e os interessados devem entrar em contato por e-mail ou telefone (ambos podem ser encontrados no site da vinícola) para agendar sua visita. A visitação e degustação dos vinhos são gratuitas.

Em nossa visita fomos muito bem recebidos pelo Diretor da vinícola, o simpático Lazzari, que nos mostrou toda a bela propriedade e nos esclareceu sobre o funcionamento da vinícola e sua história. Provamos cinco vinhos da Santa Augusta, os quais descrevo a seguir:

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Santa Augusta Espumante Brut Branco: interessante espumante elaborado com um inusitado corte de 54% de Cabernet Sauvignon, 30% de Chardonnay e 16% de Merlot, com 13% de teor alcoólico. Na taça tinha perlage bem intenso e cor amarelo esverdeado. O nariz era bem agradável lembrando maçã verde e frutas cítricas. Na boca era leve, com gostosa acidez e cremosidade, bom equilíbrio fechando com um toque mineral. Espumante simples e correto, presa pela leveza e refrescância. Na casa dos 30 reais é um bom custo benefício para um espumante de estilo mais leve.

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Santa Augusta Moscato Giallo 2012: interessante varietal seco da moscato, com apenas 12,5% de álcool. Tinha cor amarelo pálido, com aromas bastante intensos e agradáveis lembrando mamão, maracujá e flores. Na boca era bem leve, equilibrado e refrescante. Boa acidez. Simples e refrescante! Me agradou o estilo, é o perfeito vinho para acompanhar uma conversa em uma tarde ensolarada ou uma comida leve.

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Santa Augusta Chardonnay 2013: um varietal de Chardonnay fermentado em barris de carvalho e com 13% de álcool. Na taça tinha uma cor amarelo palha e aromas bem agradáveis e elegantes lembrando abacaxi, pimenta branca e amêndoas. Na boca mantinha a elegância, era untuoso, com bom equilíbrio e gostosa acidez. Madeira em grande harmonia no conjunto. Entre os melhores Chardonnay que provei na viagem, na casa dos 40 reais é com certeza o de melhor custo benefício.

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Santa Augusta Maestria 2009: um corte de Cabernet Sauvignon com Merlot, com 13% de álcool e estágio de 8 meses em carvalho. Na taça tinha cor vermelho rubi, com nariz agradável lembrando ameixa, pó de café e algo vegetal. Na boca tinha médio corpo, boa acidez e taninos agradáveis, com um amargor no final de boca, o que não me agradou, embora não comprometesse o vinho.

Santa Augusta Espumante Moscatel: (esqueci de tirar a foto) bom espumante elaborado com a Moscato Giallo, com teor alcoólico de 7,5%. Na taça tinha perlage bem intenso e bonito com coloração amarelo esverdeado. No nariz era muito aromático e lembrava mamão, frutas cítricas e notas florais. Na boca era delicado, tinha leve cremosidade, bom equilíbrio, doçura mais leve que o habitual e acidez em harmonia no conjunto. Um moscatel interessante, que prezava mais pela elegância e delicadeza.

Belos vinhedos da Santa Augusta

Belos vinhedos da Santa Augusta

A Santa Augusta está produzindo vinhos muito bons, sendo o primeiro produtor brasileiro a apostar em vinhedos biodinâmicos. O Chardonnay foi um dos melhores que provei na viagem e os espumantes são de excelente custo benefício. Recomendo bastante a visita!

Araucárias e vinhas como se fossem integrantes naturais de uma mesma paisagem.

Araucárias e vinhas como integrantes de uma mesma paisagem.

Resumo da visita:

Vinícola: Vinícola Santa Augusta

Localização: Videira, Santa Catarina, Brasil

Data da visita: 02/03/2014

Com quem: Patrícia

Preço da degustação: degustação gratuita

A Vinícola Kranz

Kranz

No domingo de carnaval, dia 02/03/2014, começamos nosso dia visitando a Vinícola Kranz, localizada na bela e charmosa cidade de Treze Tílias, colônia de imigrantes austríacos.

A vinícola Kranz, com sua arquitetura típica da cidade de Treze Tílias

A Vinícola Kranz

A Vinícola Kranz foi fundada em 2007, a partir da ideia de Walter Melik Kranz, que largou seu cargo de alto executivo na Mercedes-Benz para investir em negócios próprios, dentre eles uma de suas paixões, o vinho. A Kranz não possui vinhedos e produz seus vinhos a partir de uvas compradas de parceiros criteriosamente selecionados, que para isso precisam integrar a ACAVITIS (Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude) e seus vinhedos necessitam ter capacidade de gerar uvas de alto padrão para elaboração de vinhos finos de qualidade. Além disso, a Kranz possui estrutura de ponta em sua vinícola, prova disso é o fato de muitos produtores catarinenses já terem vinificado seus vinhos por lá.

A estrutura da vinícola

A estrutura da vinícola

A vinícola está aberta para visitação geralmente das 09:30 às 12:00 horas. É recomendado que se agende a visita, o que pode ser feito através de e-mail ou telefone que podem ser encontrados no próprio site da vinícola. A visitação é gratuita e para degustação é cobrada uma taxa de 10 reais por pessoa.

A estrutura da vinícola

A estrutura da vinícola

Fomos recebidos na vinícola pela esposa de Walter, a chinesa Ao Ruirong, com quem ele casou enquanto foi executivo da Mercedez-Benz na China. Conhecemos a moderna e bem equipada vinícola e provamos os seguintes vinhos:

Kranz Espumante Rosé Brut 2012: (esqueci de tirar a foto da garrafa) espumante elaborado com a uva Cabernet Sauvignon. Possuía bela coloração rosa salmão, com bom perlage. No nariz era frutado com um leve toque vegetal. Na boca apresentou boa acidez e frescor, era bem seco, com gostosa cremosidade e um leve amargor.

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Kranz Sauvignon Blanc 2011: varietal bem interessante, já com alguns anos em garrafa demonstrou uma cor amarelo palha e aromas de maracujá, ervas frescas e leve floral. Na boca estava equilibrado, com boa acidez, corpo leve e bom frescor, um vinho bem fácil de beber.

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Kranz Viognier 2012: mais um varietal, o único que provei da uva Viognier em Santa Catarina, que me fez pensar porque que não plantam mais dessa uva por lá. A cor era amarelo esverdeado, com aromas intensos e delicados de pera, maçã e florais. Na boca era deliciosamente untuoso, equilibrado, com bela acidez e muito frescor. Era bem seco, mas deixava um gosto adocicado que remetia a mel na boca. Um belo vinho, ainda mais considerando o preço, ao redor de R$ 35,00.

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Kranz Rosé 2011: vinho rosé elaborado a partir da uva Cabernet Sauvignon. Tinha uma cor salmão escuro, com aromas frutados e vegetais. Na boca tinha boa acidez e médio corpo, não prezava tanto pelo frescor, mas não chegava a ser pesado. Não fez muito meu estilo. Talvez fique mais interessante se bebido com comida.

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Kranz Merlot 2009: varietal de Merlot bastante gostoso e interessante. Na taça tinha coloração rubi intensa, com aromas de alguma complexidade e bem interessantes, lembrando ameixa, chocolate, vegetal e defumado. Na boca era bem macio e equilibrado, com médio corpo, gostosa acidez e taninos macios. Um bom Merlot brasileiro na faixa dos 50 reais.

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Kranz Cabernet Sauvignon 2009: na minha opinião um dos melhores Cabernets varietais produzidos no Brasil. Na taça era rubi escuro, com aromas complexos e agradáveis lembrando ameixa, tostado, noz moscada e um agradável vegetal. Na boca era bastante macio, com estrutura para envelhecer e ao mesmo tempo já bem prazeroso de ser bebido. Apresentou ótima acidez, bom corpo, equilíbrio e taninos firmes e macios. A safra 2008 era campeã de custo benefício, custava em torno de 50 reais, a 2009 veio ao mercado mais precificada, custando 70 reais, mas tá valendo bastante a pena.

A Vinícola Kranz vale a visita, por seus vinhos, pelo pessoal lá está muito bem preparado para receber visitantes, bem como por sua localização, a cidade de Treze Tílias é bem charmosa, vale a pena dormir lá uma noite ou duas e curtir seu clima pacato e com influências austríacas.

A charmosa igreja de Treze Tílias

A charmosa igreja de Treze Tílias

A praça principal da cidade de Treze Tílias, com a igreja matriz ao fundo

A praça principal da cidade de Treze Tílias, com a igreja ao fundo

A cidade vista de cima durante o pôr do sol

A cidade vista de cima durante o pôr do sol

Resumo da visita:

Vinícola: Vinícola Kranz

Localização: Treze Tílias, Santa Catarina, Brasil

Data da visita: 02/03/2014

Com quem: Patrícia

Preço da degustação: fui concedida gratuidade ao blog (normalmente é cobrado R$ 10,00 pela degustação)

Visita a Villaggio Grando

Villaggio Grando

A primeira vinícola que visitamos em Santa Catarina foi a Villaggio Grando, localizada próxima de Caçador, em Herciliópolis, no município de Água Doce.

Entrada para a Villaggio Grando

Entrada para a Villaggio Grando

A Villaggio Grando nasceu a partir da visão de Maurício Carlos Grando, empresário do setor florestal, que no final dos anos 90, ao receber a visita de um amigo francês membro de uma tradicional família produtora de armanhaque, ouviu que a região onde hoje se localiza a vinícola tinha potencial para se plantar uva visando a produção de vinhos de qualidade. Logo após essa visita deram-se início aos trabalhos para implantação da vinícola, sendo em 1998 plantadas as primeiras videiras em caráter experimental. Em 2000, já de posse de alguns resultados dos primeiros plantios, foram implantados os primeiros vinhedos comerciais e em 2005 foram lançados no mercado os primeiros vinhos. Hoje a Villaggio Grando possui em torno de 45 hectares de vinhedos e produz cerca de 260.000 garrafas de vinhos por ano.

A vinícola

A vinícola

Além disso, a vinícola possui em sua propriedade uma área de pesquisa para a adaptação de castas, com 5 hectares e que hoje conta com mais de 100 variedades de Vitis viniferas. O que me anima a esperar interessantes novidades da Villaggio Grando nos próximos anos.

A vinícola está aberta a visitação das 09:00 às 17:00 de segunda a sexta feira e de 13:30 às 18:00 aos sábados. A visita deve ser agendada previamente, o que pode ser feito pelo próprio site da vinícola. A visitação é gratuita e a degustação pode ser feita em duas modalidades, a clássica que custa R$ 35,00 e a premium custando R$ 50,00.

Vinhedos da Villaggio Grando

Vinhedos da Villaggio Grando

Fomos muito bem recebidos na vinícola pelo próprio Maurício Grando, que nos concedeu gratuidade na degustação, gostaria de lhe agradecer pela consideração e cortesia. Provamos oito vinhos da Villaggio Grando, sobre os quais deixo minhas impressões:

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Villaggio Grando Brut Rosé 2013: interessante espumante rosé elaborado com as uvas Pinot Noir e Merlot. Possuía belo perlage e uma cor cereja clara. Os aromas lembravam melancia, pitanga, vegetal e floral. Na boca era leve e refrescante, muito bem equilibrado e com gostosa cremosidade. Na casa dos 35 reais é uma bela opção de espumante com estilo mais leve.

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Villaggio Grando Brut 2013: elaborado com Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier, sendo o único espumante no Brasil que leva o corte de uvas clássico da região de Champagne. Apresentou bela cor amarelo pálido com bom perlage. No nariz tinha notas de frutas cítricas, minerais e, embora tenha sido elaborado pelo método Charmat, leveduras. Na boca era bem cremoso, sem perder o frescor, tendo também boa acidez e gostosa mineralidade. Bom equilíbrio. Espumante bem interessante, quem ainda não conhece, vale bastante a pena provar.

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Villaggio Grando Chardonnay 2012: interessante Chardonnay, diferente e bem mais aromático que o padrão. Tinha cor amarelo palha e no nariz lembrava abacaxi, iogurte e algo floral. Na boca era untuoso e estruturado, encorpado, com bela acidez e mineralidade. Deixava um leve amargor no final de boca, que não chegava a incomodar. Diferente e interessante!

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Villagio Grando Sauvignon Blanc 2013: excelente Sauvignon Blanc! Apresentou cor amarelo esverdeado, com aromas intensos que lembravam frutas cítricas e ervas frescas. Na boca tinha médio corpo, ótima acidez, muito frescor e deliciosa mineralidade. Vinho diferente dos Sauvignon Blanc da Serra Catarinense, com acidez mais viva e mineralidade mais intensa. Na faixa de 40 reais é um belo custo benefício.

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Villaggio Grando Innominabile Lote III: interessante vinho, elaborado em sistema de soleira, onde 20% do vinho produzido é guardado para ser incorporado à próxima safra. Esse Lote III contava com vinhos das safras 2004, 2005, 2006 e 2007, sendo um corte entre as uvas Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Pinot Noir e Petit Verdot. Se apresentou vermelho rubi, com aromas bastante complexos sugerindo amora, chocolate, vegetal e algo de terra. Na boca tinha estrutura e potência, encorpado, bem macio e equilibrado, com taninos firmes e agradáveis. Está pronto para ser bebido, mas tem acidez e taninos para ir longe, belo vinho! Junto com o Sauvignon Blanc, meu preferido da degustação.

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Villaggio Grando Innominabile Lote IV: no Lote IV além das 6 uvas encontradas no anterior foi acrescentada a variedade Marserlan e o vinho da safra de 2008. E o vinho estava bem diferente do anterior, a cor puxava mais para um rubi escuro, os aromas também complexos lembravam amora, café, vegetal e tostado. Na boca tinha ótima estrutura, com forte acidez e taninos firmes. Achei ele um tanto fechado, ainda rústico, creio que precise de mais tempo em garrafa para mostrar seu potencial.

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Villaggio Grando Malbec 2010: vinho elaborado pela vinícola a partir de vinhedos próprios de Malbec localizados em Mendoza na Argentina. A intensão era elaborar um Malbec diferenciado, prezando mais pela elegância do que pela potência e o resultado foi bem esse. Possuía bela cor rubi escura e aromas florais, que lembravam também ameixa e chocolate. Na boca era bem macio, com bom corpo, ótima acidez e taninos finos.

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Villaggio Grando Além Mar 2008: potente corte de Cabernet Franc, Malbec e Merlot. Apresentou cor rubi escuro na taça. Os aromas eram complexos e bastante intensos, lembrando amora, geleia, pimentão e tabaco. Na boca era bastante potente, encorpado, com forte acidez e taninos ainda um pouco verdes. Vinho bem diferente e interessante, difícil encontrar um vinho brasileiro com tanta potência. Acredito que ainda está um tanto rústico e que um tempo descansando em garrafa lhe fará muito bem.

O espaço onde é feita a degustação

O espaço onde é feita a degustação

A Villaggio Grando é uma bela vinícola instalada em uma mais bela ainda propriedade rural. Os vinhos são bem interessantes e peculiares. Uma visita a vinícola por si só já faria valer a pena o passeio pela região. Recomendo e muito!

A vista

A belíssima vista

Resumo da visita:

Vinícola: Villaggio Grando

Localização: Água Doce, Santa Catarina, Brasil

Data da visita: 01/03/2014

Com quem: Patrícia

Preço da degustação: fui concedida gratuidade ao blog (as taxas são de R$ 35,00 para degustação clássica e R$ 50,00 para premium)

Panorama Geral: Vinhos e Enoturismo em Santa Catarina

Bandeiras Estados do Brasil

Explicando minha ausência no blog, durante o carnaval eu e Patrícia viajamos de carro do Rio de Janeiro até Santa Catarina. O foco da viagem foi o enoturismo, visitamos algumas vinícolas que em breve estarei comentando aqui no blog.

Como sempre gosto de fazer ao comentar minhas viagens vou escrever esse post com o panorama geral da região, seus vinhos e o funcionamento do enoturismo.

O estado de Santa Catarina hoje possui cultura vitivinícola em pelo menos duas regiões distintas, o Vale do Contestado e a Serra Catarinense, ambas com a grande maioria dos vinhedos localizados em altitudes acima dos 1000 metros em relação ao nível do mar, sendo o Vale do Contestado uma região com clima de influência mais continental em relação a Serra Catarinense, onde existe maior influência do Atlântico. Além de diferenças entre os solos das duas regiões, onde os da Serra Catarinense em geral são menos intemperizados e portanto mais pedregosos em relação aos do Vale do Contestado.  Nem preciso dizer que isso reflete em certa diferença nos vinhos dessas duas regiões. Abaixo reproduzo um mapa da ACAVITIS (Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude) com a localização de todas as vinícolas do estado.

Mapa Acavitis

Visitamos as duas regiões e embora elas não possuam grande estrutura focada no enoturismo, em ambas existem vinícolas muito bem preparadas para receber visitantes e que fazem valer a pena o passeio. Na maioria das vinícolas é necessário agendar a visitação, sendo também indicado tomar instruções prévias a respeito do acesso, tendo em vista que o sinal de celular é em geral ruim em ambas regiões e nas estradas não há muita sinalização de como chegar até as vinícolas.

Quanto as vinícolas é bastante interessante notar uma característica comum a grande parte delas, várias nasceram dos sonhos de empresários bem sucedidos em outros ramos e que por razões diversas – paixão pelo vinho, identidade familiar com a bebida, diversificação de atividades – resolveram investir na produção de vinhos de qualidade. Sendo assim, observa-se na região gente disposta e competente (afinal tiveram sucesso em suas vidas profissionais) investindo pesado, de forma financeira e emocional, na produção de vinhos com a maior qualidade possível.

Paisagem agrícola comum no Vale do Contestado

Paisagem agrícola comum no Vale do Contestado

Sobre os vinhos, me animaram muito os brancos, principalmente aqueles elaborados com a Sauvignon Blanc. Os Chardonnay, barricados ou não, também merecem destaque, isso além de um ou outro vinho que provei de castas diferentes. Em toda vinícola que visitava eu fazia a mesma pergunta: ” Por que não se investe mais na produção de brancos?” “Por que não se experimenta castas diferentes como Gerwuztraminer, Riesling, etc? A resposta variava, mas não muito, tendendo para o fato de que é muito mais difícil comercializar vinhos brancos do que tintos. Isso num país com o nosso clima, muito mais propício ao consumo de brancos. Vai entender?

Vinhedos da Villaggio Bassetti em São Joaquim, Serra Catarinense

Vinhedos da Villaggio Bassetti em São Joaquim, Serra Catarinense

Os tintos de Santa Catarina tem caráter próprio, possuem charme, são mais aromáticos que o padrão e muito instigantes no nariz, mas na boca, de modo geral, não me empolgaram tanto. Além disso, eles estão muito limitados ao “Cabernet-Merlot”. No entanto, provei alguns ótimos e bem interessantes exemplares, os quais me animaram e me fizeram acreditar que a região tem potencial para oferecer muito mais. Afinal, o grande desenvolvimento da vitivinicultura em Santa Catarina se deu de 10 anos para cá.

Vinhedos da Santa Augusta em Videira, Vale do Contestado

Vinhedos da Santa Augusta em Videira, Vale do Contestado

Embora o tempo curto de viagem e o cronograma apertado de visitas não nos tenha permitido curtir muitos outros aspectos turísticos, além de vinícolas e paisagens, há muito o que se ver no interior de Santa Catarina. Vale a pena uma viagem com mais tempo e calma, o que planejo fazer no futuro.

Alguns bons sites que usei como referência para planejar a viagem e conhecer melhor os vinhos e a região:

ACAVITIS (http://www.acavitis.com.br/) – site da Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude, possui informações sobre o estado, vinícolas, dentre outras coisas.

Vinhos de Santa Catarina (https://vinhosdesantacatarina.wordpress.com/)  –  blog como muita informação sobre a vitivinicultura e o enoturismo no estado de Santa Catarina.

Destino SC (http://destinosc.com.br/) – além de roteiros sobre o enoturismo, dispõe de dicas de viagem para todas as regiões de Santa Catarina e para diversos tipos de turismo. Além de dicas de bares e restaurantes.

Vinhos Brasileiros por Rogerio Dardeau (https://www.facebook.com/pages/Vinhos-Brasileiros-por-Rogerio-Dardeau/) – fã page do facebook dedicada a promover os vinhos brasileiros. Contém comentários sobre diversos vinhos e vinícolas de Santa Catarina.

Obs: durante dez dias estarei tomando antibiótico e impossibilitado de beber, estarei postando sobre vinhos que bebi e ainda não comentei e sobre as vinícolas visitadas em Santa Catarina. Também ando planejando começar a ir um pouco mais além dos meus usuais comentários sobre vinhos, quem sabe essa não é uma boa oportunidade.