Primeira vinícola que visitamos em São Joaquim, logo pela manhã da segunda feira de carnaval, dia 03/03/2014.
Inspirado pela lembrança de seu avô materno, imigrante italiano, produzindo seus próprios vinhos em casa, José Eduardo Pioli Bassetti, engenheiro químico, decidiu reviver as tradições familiares e começar também a produzir seu vinho. Convocou seus irmãos Marco Aurélio, engenheiro agrônomo, e Cesar Juliano, engenheiro mecânico, para juntos em 2005 fundarem a Villaggio Bassetti.
Interessante mencionar que a vinícola tem em andamento um projeto junto com a Embrapa para selecionar leveduras nativas, algo ainda pouco estudado aqui pelo Brasil. A seleção e o uso destas leveduras visam agregar tipicidade e identidade próprias aos vinhos. A ideia surgiu após experiências bem sucedidas em duas safras seguidas – 2011 e 2012 – de Cabernet Sauvignon resultado de fermentação natural, sem nenhuma adição de leveduras ou outros produtos enológicos.
Normalmente a Villaggio Bassetti não fica aberta a visitantes, os interessados em conhecer a vinícola devem entrar em contato por e-mail ou telefone (ambos podem ser encontrados nos sites citados abaixo) para verificar a possibilidade e agendar uma visita.
Na Villaggio Bassetti fomos muito bem recebidos pelo enólogo Joelmir, que nos forneceu diversas informações sobre os vinhos, vinícola e vinhedos. Além de vinhos bastante interessantes ainda em estágio na barrica. Bebemos o seguinte:
Villaggio Bassetti Rosé 2013: interessante rosé produzido com um corte de Pinot Noir e Merlot. Provamos o vinho direto do tanque, onde ele estava em fase de estabilização. Na taça tinha uma bela cor rosa salmão e ótimo nariz, elegante com aromas lembrando frutas cítricas e algo mineral, característico da Pinot Noir. Na boca era leve e refrescante, muito equilibrado, com acidez e álcool bastante harmônicos e gostosa mineralidade. Rosé bem diferente dos demais produzidos no Brasil, de estilo bem mais leve. Um vinho simples e refrescante, sem deixar de ser interessante.
Villaggio Bassetti Sauvignon Blanc 2012: varietal de Sauvignon Blanc com 14% de álcool. Apresentou na taça cor amarelo pálido e aromas intenso de maracujá, cítricos e ervas frescas. Na boca era mais encorpado e untuoso que a média dos Sauvignon Blanc, com ótima acidez, delicioso frescor e forte presença mineral. Bela opção de Sauvignon Blanc, diferente por ter mais estrutura em boca, vale bastante o preço.
Villaggio Bassetti Montepioli 2010: corte entre Cabernet Sauvignon e Merlot, com 13% de teor alcoólico e estágio de 12 meses em barrica. Na taça tinha cor vermelho rubi, nariz bastante agradável e com certa complexidade, lembrando amora, ameixa, pimenta do reino e algo vegetal. Na boca era macio e equilibrado, de médio corpo a encorpado, com ótima acidez e taninos bem presentes e agradáveis. Em minha opinião, ficou entre os três melhores tintos que bebi na viagem (isso sem contar os três descritos abaixo). Está bem pronto para ser bebido e na faixa dos 50 reais é de ótimo custo benefício.
Villaggio Bassetti Montepioli 2012: difícil escrever sobre um vinho que ainda não está pronto e só será lançado ao mercado daqui há um tempo. Assim como o 2010 descrito acima, esse vinho é um corte entre Cabernet e Merlot, só que essa safra ainda está na barrica envelhecendo. Nos foi oferecido pelo enólogo para que degustássemos como foi a safra 2012. Na taça a cor era vermelho violáceo profundo, com aromas um tanto fechados, mas interessantes de chocolate, ameixa, amora e vegetais. Na boca, embora ainda carecesse de amadurecimento, estava macio, era bastante potente, encorpado, com forte acidez e taninos bem firmes. Tem estrutura para envelhecer bastante. Saindo essa safra no mercado (acho que sai ano que vem) vale a pena correr atrás!
Villaggio Bassetti Primiero 2012: continuando nos vinhos que ainda estão envelhecendo na barrica, esse era um Cabernet Sauvignon varietal, a safra 2012 do Primiero, atual vinho de topo da vinícola. Na taça tinha cor violeta densa, já demonstrando o que vinha pela frente. No nariz, assim como o anterior, os aromas estavam um tanto fechados, mas já se mostravam complexos com amora, café, tostado, terra e algo vegetal. Na boca era ainda mais potente que o anterior, estruturado de uma forma como eu nunca havia provado um vinho brasileiro. Muita acidez, muito corpo e muito tanino. O melhor de tudo é que embora ainda estivesse bem jovem e rústico, já era bem prazeroso bebê-lo, tinha uma certa maciez difícil de explicar. Aguardo 2016 (ano em que essa safra será lançada ao mercado) para bebê-lo novamente.
Villaggio Bassetti Sangiovese 2013: para terminar nos foi oferecido, também da barrica, um vinho experimental, fruto de um vinhedo jovem (com apenas 4 anos) de Sangiovese implantado na vinícola. O resultado surpreende e promete. Na taça era violeta claro, com aroma intenso e bem floral, lembrando também amora e um leve defumado. Na boca tinha boa estrutura, médio corpo a encorpado, taninos fortes ainda verdes e ótima acidez. Promete bastante esse vinhedo!
A Villaggio Bassetti não possui uma baita estrutura para receber visitantes, sua vinícola é simples e extremamente funcional. No entanto a visita é imperdível graças aos seus diferentes e ótimos vinhos, que no conjunto, foram os que mais me surpreenderam durante a viagem. Além dos vinhos, há também os belos vinhedos, muito bem integrados à paisagem local, como se a videira fosse planta natural daquele ambiente.
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Resumo da visita:
Vinícola: Villaggio Bassetti (site oficial e blog no wordpress)
Localização: São Joaquim, Santa Catarina, Brasil
Data da visita: 03/03/2014
Com quem: Patrícia
Preço da degustação: gratuita